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A ditadura da beleza, o engordar e as crianças

Como dia 12 foi dia das crianças e dia 11 dia nacional da prevenção da obesidade, achei interessante falar sobre.
E sobre como o padrão rígido de beleza (a “ditadura da beleza”), muitas vezes associado a modelos extremamente magras, pode influenciar negativamente a relação consigo mesmo, com o corpo e com a comida.

O ideal de corpo extremamente magro, associado a outros fatores (como os relativos ao ambiente familiar), é considerado um fator de predisposição para transtornos alimentares.

Ouço sempre de pacientes sobre como foram rejeitados por excesso de peso na infância. Muitas vezes rejeitados por si mesmos. Sendo motivo de bullying, exclusão e levando a solidão e muita tristeza, o que só piora o movimento com a comida. Sentem -se como se existisse algo de errado com eles que não conseguem resolver (pois trazem a impressão que tinham na infância). Eu não preciso dizer que isso por si só já é traumático e que muitos carregam estas questões para a vida adulta.

Vejo que o problema é quando o levamos ao extremo, com muito ideal de perfeição, rigidez, falta de aceitação e pressão.

O que fazer então se uma criança começa a engordar?

Vejo que um ponto muito importante é acolher o sintoma. E não rejeitar, negligenciar ou buscar soluções práticas sem olhar para o mais profundo. É claro que o planejamento alimentar pode ser bem-vindo, mas muitas vezes precisa olhar também para o que no mais profundo ela está comunicando com o comer aumentado, senão não haverá resultado.

O comer aumentado, podendo levar ao excesso de peso, pode estar comunicando o que ela está vivendo em seu mundo interno que não está conseguindo ganhar palavras e por isso vira sintoma alimentar.

Quando estudei as crianças obesas no mestrado, era sempre comum situações de perda, separação e luto no momento que a criança passou a engordar. A libido pode se apoiar na comida, na tentativa de lidar com o que vive em seu interior, de lidar com a angústia. Por isso precisa olhar para o emocional, para o ambiente em que a criança está inserida. Pois o comer aumentado é sintoma deste ambiente.

Escrito por Ana Paula Bechara