

O nosso plantio pode ser consciente ou inconsciente. Se inconsciente, veremos pelos resultados, através de repetições negativas. E é por isso que muitas vezes buscamos auxílio terapêutico, por estarmos em sofrimento sem compreender o porquê de certos eventos na vida. Por exemplo: porque sempre vive a rejeição em relacionamentos; porque sempre vive a compulsão na alimentação; porque vive certos medos etc.
É claro que estas frustrações consigo e com a vida trarão sofrimento. E, quando iniciamos um processo terapêutico, que muitas vezes envolve a busca da criança interior ferida, entraremos em contato com partes dentro de nós que ficaram por muito tempo rejeitadas a consciência (o que inevitavelmente gera resistência para aprofundar em si)- como dores, sentimentos negados sobre si e sobre os outros, desejos “errados” etc.
No entanto, somente trazendo consciência para isso, conseguimos deixar de agir pela parte dentro de nós que escolhe plantar o que conscientemente não desejamos.
Por isso, se há repetições na colheita da vida, há responsabilidade na escolha. Enquanto não enxergar que escolheu, o porquê vem escolhendo, o que isso tem a ver com sua história, de que forma que abre portas, não acha saída.
Sobre este tema dos “plantios”, um ponto a se atentar é: se há repetições negativas na vida, muitas vezes preferimos acusar e reclamar do outro. No entanto, a repetição na própria vida é um indicador deste “ponto cego” em nós que vem agindo e escolhendo (mesmo que inconsciente). Por isso, é uma perda de tempo acusar. Este mesmo tempo e libido poderiam ser empregados para olhar pra si mesmo.
Com isso, não estou tirando a responsabilidade de um outro que pode ter errado mesmo, mas se não olharmos o que em nós abriu portas, não saímos do lugar.
Como já questionou Freud: “Qual a sua responsabilidade na desordem da qual você se queixa?”.
Escrito por Ana Paula Bechara