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A dor da inadequação

Percebo que muitos de nós trazemos a dor da inadequação relacionada a forma corporal.
O estar inadequado dentro de um corpo e ser rejeitado por isso.

Existem extremos com dores similares.
Os que tentam se adequar a todo custo a um padrão, muito desconectados de si, e os que não se adequam completamente, podendo se sentir escondido dentro de si. Isto não somente relacionado a corpo e alimentação.
(Escrevi mais no post “anorexia, bulimia e obesidade são faces diferentes de uma mesma moeda”).

Todo mundo quer ser amado e entendemos que ser incluído é ser amado.
Ser rejeitado pelo seu corpo é como estar em uma festa vestido de um jeito que não serve, não pode, não deve, é pior.
Enquanto que, receber um olhar de admiração e aceitação pelo seu corpo, pode ser sentido como uma dose de amor. Uma dose de amor que já não foi recebida em outros tempos da vida.

Percebo um medo bem mais profundo nos pacientes que tem muito medo de engordar (e caem em uma extrema rigidez) ou nos que têm medo de deixar a(s) comida(s) que servem de anestésico para o emocional. Um medo que às vezes não conseguem colocar em palavras. Um medo relacionado a história de vida, em que o corpo e a relação com este e com o alimento são só “escudos” para não acessarem certos lugares dentro de si.

Quanto mais não percebemos de onde dentro de si vem o movimento fora, mais ficamos reféns do inconsciente.
Como sempre falo aqui, é somente sintoma de assuntos que geralmente não tem nada a ver com alimentação, tem a ver com vínculos, com segurança, com relações, com estas dores profundas das quais muitas vezes tentamos fugir.

Escrito por Ana Paula Bechara