Como falei no ciclo das compulsões, também há um ciclo envolvendo as compensações do consumo. Compensações do que foi ingerido em um momento de descontrole e do que se acredita ser errado consumir.
Exemplos de compensações:
Atividade física excessiva
Vômito
Uso de medicamentos
Rígida restrição alimentar
Para quebrar o ciclo das compensações, assim como fiz para a compulsão alimentar, vou abordar alguns fatores que abrem portas para este e os que ajudam a sair.
1-
O que coloca no ciclo:
Os próprios métodos compensatórios perpetuam este ciclo em que você:
Tenta ser perfeito -> Não consegue -> Acessa conteúdos emocionais -> Tenta amortecer pelos alimentos -> Tem método compensatório -> Sente culpa, o que faz retornar a tentar ser perfeito.
O que ajuda a ir saindo do ciclo:
Bancar o possível neste momento. E as recomendações dos profissionais habilitados, se for o caso.
E, aos poucos, ir encontrando mecanismos internos para lidar com os conteúdos emocionais. Pois conforme encontra estes mecanismos internos, a compensação vai perdendo serventia.
2-
O que coloca no ciclo:
Busca da perfeição- corpo perfeito, alimentação perfeita, perfeito desempenho, comportamento perfeito etc.
Idealizamos algo para nós na tentativa de sermos aceitos, amados. Isso gera uma profunda desconexão interior.
O que ajuda a ir saindo do ciclo:
Olhar e trabalhar o que está abaixo destas tentativas de ser perfeito. Trabalhar a história de vida, dores que carrega, o que te levou a esta busca incessante com seu corpo e em demais áreas da sua vida?
E ir bancando o real, o possível e os seus desejos verdadeiros (para além do esperado para você).
3-
O que coloca no ciclo:
Conteúdos do seu emocional não digeridos (de seu passado, que são revividos nos dias atuais). Dificuldade de contato e expressão destes.
Na compulsão, procura amortecer/enterrar o que tenta vir para fora e na compensação procura colocar para fora de si este conteúdo emocional.
O que ajuda a ir saindo do ciclo:
Bancar olhar e trabalhar sua história, conteúdos que pode acreditar serem feios, indevidos. Para assim poder expressar e digerir.
Lembre-se que a ideia é olhar o que está abaixo do que se apresenta na superfície como sintoma na relação com corpo e alimento. Pois desta forma o sintoma perde sua serventia.
Por isso, tão essencial o contato e expressão dos conteúdos emocionais, para poder haver a digestão. O que também ajuda a ir além da tentativa da perfeição falada no item anterior.
Escrito por Ana Paula Bechara