

Autoaceitação é um tema que não é tão fácil de abordar.
Autoaceitação pode ser confundida com comodismo. E não é isso.
Autoaceitação tem a ver com acolhimento. E acolhimento é um ato de amor.
Vamos de exemplo:
Você pode ter sentido raiva na sua infância de alguém em uma posição de poder. Mas uma raiva que não pode expressar, por compreender que não seria bem-vinda. Então guarda esta raiva dentro de você. Ela não some, ela está ali (só que “esquecida”). No lugar disso, por exemplo, passa a ter uma postura muito obediente, submissa ou até mesmo agradadora perante a esta pessoa- e futuramente tendo esta mesma postura perante pessoas neste perfil (muitas vezes sem nem perceber a relação).
Para onde foi a raiva? Continua ali.
E o que acontece com ela? Ela volta como sintoma, ela dá um jeito de aparecer. Por exemplo, pode voltar na forma de autodestrutividade.
Você entende o motivo pelo qual precisamos pegar a raiz? De quem é esta (ou estas) primeiras pessoas que sentiu raiva? Quais situações e relações estão envolvidas? Você se permite sentir isso novamente e se expressar? Aqui falo em expressar em um lugar e com intuito apropriado, como em um processo terapêutico, ok?
Aí vamos entrando neste lugar de conteúdos antes rejeitados e da autoaceitação.
Aceitar esta raiva e ir atrás de a tratar. Tratar como? Permitindo aprofundar, falar, lembrar, sentir, elaborar, integrar. Fazendo o que não pode fazer lá atrás.
Quando falo de compulsão por aqui e de sentimentos negados estamos falando deste lugar. Como você quer parar de comer compulsivamente sem passar por este lugar de bancar verdadeiramente o que sente? Fica difícil, pois um é sintoma do outro.
Então, percebe como autoaceitação tem na verdade a ver com amorpróprio, com acolhimento?
Aqui estou falando de uma autoaceitação que visa integrar o que antes estava negado. Uma ferramenta no caminho de autoconhecimento e autotransformação, a qual traz respeito a si mesmo e te impulsiona.
Escrito por Ana Paula Bechara