

Muitas pessoas que chegam para fazer um trabalho comigo, a princípio, não conseguem acessar a profundidade da questão que apresentam.
Eu sempre procuro explicar que o sintoma na alimentação e no corpo são como cortinas. Cortinas que encobrem conteúdos profundos que demandam todo empenho do paciente para transformar. Empenho para transformar dentro (o que está embaixo, o que este sintoma encobre) e empenho para transformar fora também. Pois é como se fosse uma estrutura engessada já formada (dentro e fora), a qual aos poucos vamos trabalhando.
Bem sabemos que não é uma tarefa tão simples fazer um sintoma. Por exemplo, uma rejeição severa da comida. Foi a saída que, naquele momento da vida da pessoa, encontrou para lidar com o que vivia dentro e fora de si (como em seu ambiente familiar- pois o sintoma também serve a este).
Mais para frente, esquecemos o que estávamos vivendo, até como maneira de proteger a dor, e esse sintoma se torna a forma de saída do que fica guardado.
Por isso, como já disse Freud, o trabalho do psicanalista se assemelha ao do arqueólogo. Aos poucos vamos cavando e entrando nestes conteúdos. Lidando com o que está embaixo.
Neste trabalho é essencial a parte sadia do paciente se aliar ao terapeuta, pois assim podem ir juntos, com bastante empenho, integrar e transformar dentro e fora de si. No próximo post falarei um pouco mais sobre esta aliança terapêutica.
Escrito por Ana Paula Bechara