Rejeitar se alimentar pode ser uma defesa contra o outro (que habita seu mundo interno), o qual é sentido como intruso e nocivo.
Um dia eu estava começando uma supervisão com uma psicanalista bem conhecida pelo seu trabalho com anoréxicas. Aprendi muito sobre estas pacientes com ela. Falo no feminino, pois a anorexia nervosa é uma doença bem mais comum em mulheres.
Ela falou para mim: “Ana Paula, compreenda que o prato de comida que está na frente da paciente não é visto como comida, ela vê um mostro”.
Estávamos falando sobre o movimento de rejeitar a comida. E de como a comida era vista como um outro na vida desta paciente, um outro intruso, ameaçador. Esta relação passada ameaçadora é revivida com alimento.
Quando pensamos em transtornos alimentares (e em casos mais leves, em que o emocional está chegando na relação com alimento), pensamos nestas outras questões e relações que desembocam no alimentar. Seja ameaça, tentativa de pureza (livrar-se de algo e do prazer), seja pelo aconchego, pela tentativa de liberdade, pela única forma de prazer.
Entende a importância de entrar nas raízes dessa relação? Pra conseguir mudar a rota das suas escolhas.
Escrito por Ana Paula Bechara