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Você não é o seu transtorno alimentar

Muitos de meus pacientes com problemas alimentares chegam com mesmo discurso de uma frustação muito grande nesta área da vida. Ou, até mesmo, de que isso “grudou” em suas vidas de tal forma que já nem se imaginam sem.
Eu vejo aí um desafio, pois já estão acostumados com um jeito de ser, às vezes não conseguem compreender que pode ser diferente.

No mais profundo percebo que nestes casos há uma desconstrução da ideia do que é você, pois muitas vezes a ideia do que se é esta associada a uma forma corporal e/ou ao problema alimentar (servindo também a outras problemáticas não alimentares). Por exemplo, você pode estar identificado com uma parte da sua personalidade que se sente inadequada ou que sente que precisa se proteger ou que entendeu que a comida é a melhor amiga para manejar o que não consegue lidar dentro ou que se sente culpado pelo que carrega em seu interior e a alimentação vira uma forma de autoboicote.
O corpo físico e o comportamento ganham expressão do que vai acontecendo dentro. E ficam mais a revelia da vontade consciente quanto mais há conteúdos inconscientes, relacionados ao corpo emocional, formado pelas experiências de vida. No exemplo que eu citei: você pode servir a uma culpa se autoboicotando eternamente, caso você não tome consciência da sua origem e de toda dor emocional envolvida. Por isso o processo de terapia auxilia na melhora desta e de outras problemáticas.

Percebo um caminho que vai desembocando no desapego, como um lapidar para encontrar o que sou para além disso que foi construído e que me levou a sofrer. E construir então uma alimentação a partir deste lugar, não tão baseada em feridas emocionais.

Escrito por Ana Paula Bechara